segunda-feira, 19 de março de 2012

"Ensaio" do Real 1997


Foi com o título "Minha Linda Bromélia" que descrevi meu achado no dia 1º de setembro próximo passado, levado pelo  entusiasmo de então. O texto foi tão explicíto que achei não precisar escrever mais nada a respeito. Por minha expontânea vontade  candidatei-me a falar sobre esta importante peça durante o último Congresso Brasileiro de Numismática, realizado pela SNB, em São Paulo, nos dias 01, 02 e 03 de dezembro de 2011, o que acabei realizando, muito embora com reduzida plateia, porém com a presença de pessoas ilutres, tais como:  Kátia Dias, gravadora da Casa da Moeda acompanhada de suas duas colegas; Telma Ceolim, alta funcionária do BACEN, também acompanhada por dois colegas e como representante da SNB, presente o Sr. Hilton Lucio,  coordenador  daquela conferência. Apresentei aos presentes para que pudessem examinar a peça que estava sendo motivo de tal palestra. Naquele momento procurei ilustrar minhas afirmações com literatura da época do lançamento da moeda de 1 Real, 1998, juntando o “ensaio” 1997. Todos puderam comparar as características completamente iguais, ou seja, peso, metais, medidas e a serrilha intermitente, detalhe que julgo o mais importante para justificar a autencidade de tal ensaio da moeda de 1 Real do ano de 1997, ano este em que foram elaborados todos os projetos da nova moeda bimetálica.
Aproveitando minha estada ao interessante evento pude mostrá-la às pessoas  conhecedoras da nossa nusmismática, e por conseguinte acostumadas   a examinar  detalhes de  peças consideradas importantes, quer sejam nacionais ou não. Devo dizer que naquele momento pude ouvir de renomados "experts" de nossa moeda, se não afirmações categóricas,mas em nenhum momento duvidaram da autenticidade da peça citada. Quero abrir um parentese para dizer o que eu já sabia: que a peça era autêntica. Pois desde o momento a que examinei, naquela tarde em que a adquiria, sabia que ela era legitima, pois me julgo suficientemente qualificado para tal. Conheço metais, quer sejam nobres ou não, conheço a qualidade de uma cunhagem, conheço o processo de cunhagem de dois metais juntos. Sou capaz de opinar se o abridor de cunho é ou não competente, só pelo seu “talho”. Por tudo isto, afirmo: minha peça é autêntica. Todos os indicios levam a crer que ela foi, de fato, cunhada em nossa Casa da Moeda. Quero salientar que o achado deste ensaio torna-se o mais importante acontecimento numismático dos últimos anos. Trata-se, queiram ou não, de uma extraordinária raridade, pois até o momento é única conhecida. Quero chamar a atenção dos interessados, que tenham a obra editada pelo BACEN à época cujo título é “Novas Moedas do Real”, exposição do concurso para projeto gráfico. Lá estão citados os protagonistas do mesmo, Glória Dias, Kátia Maria de Abreu Dias e Luciano Dias de Araújo (in memorian). Agora vem a pergunta que não quer calar: não poderia haver sido executado ensaio para a confecção de novos cunhos? Afinal isto não é uma praxe? Digo mais: - espero que a partir de agora, ao tornar publico  minhas afirmações,  possa obter, quem sabe, manifestação do órgão maior a respeito, muito embora eu saiba que isto é pouco provável.
Agora rogo vênia para um desabafo: estou nos meios numismáticos há 22 anos, sou conhecido, sou participante das principais entidades numismáticas de nossa terra,  já fiz importantíssimos trabalhos que são de muitos conhecidos. Sou estabelecido com oficina de gravados desde  1952 e quando resolvi cunhar réplicas de moedas raras, tanto do Brasil como de outros, publiquei um catálogo (2005) onde enumerei todas elas que sempre foram por mim identificadas..  Hoje, com 81 anos ,  bem vividos, tenho uma bela família e acima de tudo um nome por zelar e não seria agora que iria denegrir minha imagem com fantasias ilusionistas. Por tudo isto, volto a reafirmar: minha peça é legítima até que provem o contrário, ( para o desatino dos incrédulos e, o que é pior, dos mal intencionados. Deixo claro estar esse material à disposição em minha casa para ser examinado proporcionando a oportunidade para verem o que é uma raridade.
Obs.: a peça citada foi recebida de troco por um caixa de uma banca do Mercado Público de Porto Alegre.
Obs. 2: gostaria de ver este texto publicado no próximo boletim da SNB do mesmo.
Cordialmente,
P. P. Balsemão

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Palestra proferida em São Paulo, durante o XV Congresso de Numismática realizado pela Sociedade Numismática Brasileira;

“Prezados Senhores:
Tenho a grata satisfação de comunicar aos presentes a esta histórica palestra, o aparecimento de uma peça metálica cunhada em 1997, com os dizeres: 1 Real 1997 com desenho de uma bromélia (planta tropical) em seu reverso a figura da república que nos remete aos anos de 1965 referente a moedinha de 50 cruzeiros de níquel. Tão logo examinei a referida peça, classifiquei-a como sendo um ensaio de nossa moeda atual, quando de sua elaboração pela Casa da Moeda do Brasil. Esta peça bimetálica foi feita com os mesmos metais, ou seja, alpaca em seu anel e cuproniquel em seu miolo, com as mesmas medidas, com a mesma serrilha e o que julgo ser o mais importante: o mesmo peso. Devo dizer aos senhores, que tive oportunidade de acompanhar nos anos de 1997/1998 os estudos para o lançamento da nova familia de nossas moedas, quando então foi feito pelo BACEN, um concurso para definir os desenhos da nova familia, concurso este, depois anulado, uma vez que a própria Casa da Moeda veio a ganhá-lo.
Mas, afinal o que é o ensaio? Este nome é dado a todos os procedimentos que se antecipam a cunhagem de uma peça qualquer, não necessariamente, uma moeda. São os testes de material, comportamento de cunhagem e até a verificação do proprio cunho. (Ensaiar: experimentar, testar, etc..) Por que os colecionadores dão tanta importância a um ensaio? Justamente porque é uma peça rara, visto que depois de feito todos os ensaios, estes são destruídos, voltando todo para a fundição, quando raramente alguém se lembra de guardar algumas peças como lembrança dos trabalhos iniciais. Já em nosso primeiro catálogo de moedas do Brasil (Souza Lobo 1908) estão inseridos vários ensaios de nossas moedas. Por isto que os colecionadores dão tanta importancia a estas raras peças que acabam tornando-se tão valiosas. Agora certamente virá uma nova pergunta: Mas como o Sr. Balsemão pode identificar a peça citada como sendo um ensaio? Acontece que entre outras de minhas habilidades, sou um metalúrgico desde os meus 15 anos de idade, portanto, conheço metais em geral. Sou colecionador da moeda brasileira há 22 anos. Estudo as moedas desde os primeiros dias em que comecei minha coleção. Minhas peças são todas classificadas. Aprendi isto nos livros de K. P. Assim, posso afirmar com convicção, ser esta interessante peça, um ensaio de nosso real de 1998, feito, naturalmente em 1997, quando do desenvolvimento da nova familia das moedas brasileiras. Qual a diferença entre um ensaio e uma prova? Esta pergunta é muito fácil de ser respondida: Ensaio é tudo aquilo que se faz para poder apresentar algo perfeito, original; já a prova é feita quando está tudo feito e acabado, por isto as peças são identificadas com a palavra PROVA, tornando-se peça diferenciada para colecionadores, quanto ao ensaio, como disse antes, cabe aos aficionados, experts, verdadeiros numismatas, identificá-las. Quanto à peça por mim apresentada, dou-lhes a minha garantia: Não é uma fantasia – é REAL.
Agradeço a todos por me ouvirem, pondo-me a disposição para qualquer pergunta, referente ao assunto.
Muito Obrigado”
São Paulo 01 de dezembro de 2011 (Dia do Numismata)

domingo, 30 de outubro de 2011

MINHA LINDA BROMÉLIA

Esta é a pequena mas verdadeira história de como apareceu o primeiro ensaio da moeda bimetálica brasileira – o nosso real. Há alguns dias atrás, um amigo meu encontrou entre um lote de moedas de 1 real, uma peça até aqui, inédita. É a mesma, cunhada os dois lados iguais, ou seja: só o anverso( 1 real). Aquilo chamou muito a minha atenção, visto ser de fato, uma coisa inédita até aqui. Comentei o assunto com diversas pessoas do meio numismático, quando ficou constatado não ser eu o único espantado. Meu espanto cresceu ainda mais quando um outro amigo me mostrou duas peças de 50 cents USA do ano de 1976, com a efígie do Presidente Kennedy. Aquela comemorativa 1776/1976, com os dois lados iguais, sendo esta em cupro niquel e não em prata como são as originais, e o pior são duas as peças cunhadas com um só lado, ou seja: um lado só a figura do presidente e a outra com a águia. Tudo isto não passa de uma “anomalia”.
Agora, recentemente, em uma reunião na cidade de Taquara/RS, em nosso Clube (CFNT), ao comentar tal assunto, eis que um jovem iniciante na numismática comentou ter visto uma moeda de 1 real bimetálica com a figura da República diferente da original.
Dizia ele ser a República igual a do nosso cruzeiro 1970/78. É logico que não acreditei. Então perguntei quem era o portador de tão rara preciosidade. Me respondeu ele ser de uma pessoa minha conhecida. Pedi mais detalhes, me dizendo ele não saber mais nada a não ser o que já havia me relatado. Pedi então o numero do telefone da pessoa. Não esperei um instante e liguei a este conhecido tendo então a confirmação de que a peça existia, mas que não era dele e sim de uma terceira pessoa. De cara combinei um encontro com meu amigo para que eu pudesse ver com meus próprios olhos tal afirmação.Fui então encontrar-me com esta pessoa numa bela tarde de quinta feira, chegando em sua banca às 14 horas. (Este cidadão é comerciante de antiguidades e negocia também moedas e medalhas antigas). Depois dos cumprimentos e abraços de praxe, fui perguntando bem baixinho: “ Que tal: posso ver a peça”? – Sim, respondeu ele. Aqui está a “encantada”. Vi então num envelope bem sujinho aquilo que eu não acreditava: uma peça de 1 real bimetálico com a data de 1997 com desenhos completamente diferentes das atuais. Aí constatei. Não tenho dúvidas: Isto é um ensaio do nosso real de 1998. Me deu uma tremedeira e o pior: eu não tinha onde me sentar... Fiz então a tradicional pergunta: Está a venda? – Sim, responde o amigo. Voltando a perguntar. Quanto pedes? Olha, o proprietário só está aceitando ofertas e não deve ser pouco. Pensei um pouco e chutei: Ofereço “X”. Nem pensar, respondeu o comerciante. O dono já teve oferta maior e não quis vender. Parei para pensar. Eu não podia deixar escapar aquela raridade. Juro que até pensei em fumar um cigarrinho, mas eu não fumo. Então fui até um bar e “tomei um martelinho” para me acalmar, hehehe. Precisava raciocinar. Voltando em alguns minutos, aumentei a proposta em 2 vezes “X”. O vendedor pediu que eu aguardasse um pouco e telefonou para o proprietário da moeda. Veio então a resposta: “O homem não se encontra – só as 7 da noite para falar com ele”, hehehe. Fiquei aborrecido, mas fazer o quê? Me despedi aguardando a resposta para mais tarde, para saber se minha proposta seria aceita ou não. Passado pouco mais de dez minutos, quando eu já estava indo embora, tocou meu celular. Balsemão, o homem topou. A peça é tua. Voltei imediatamente ao comerciante preenchi um cheque e fiquei de posse de mais uma relíquia.
De volta em casa, agora com o auxílio de uma lâmpada muito especial, pude examinar com minúcia aquela surpreendente aquisição, me perguntando se seria de fato um ensaio. Comparei-a então com uma moeda de 1 real 1998, confirmando aquilo que eu já imaginava: De fato – trata-se de um ensaio, pois os metais são os mesmos, a parte exterior é de latão dourado, sendo o miolo de alpaca e com o peso rigorosamente igual, isto é, 7,8 g. e diâmetro idêntico. Não tenho mais nenhuma dúvida. Trata-se, verdadeiramente, de um ensaio e fui eu felizmente o premiado.
Nota: onde está escrito “latão” leia-se: “alpaca” e onde está escrito “miolo de alpaca” leia-se “miolo de cupro níquel”
Perdão pelo meu equívoco


    

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Em busca de minha identidade

Rogo venia para falar um pouco de mim mesma. Tenho 14 anos, pois, nasci em 1997. É só o que consta no meu curriculum. Não tenho registro de nascimento, não conheço meus pais, nem a cidade onde nasci. Já andei em muitos lugares, apesar da pouca idade. Andei de mãos em mãos, uma hora bem a vista, outra, escondida. Fui desprezada, ignorada e maltratada, sentindo vergonha disto tudo. Um dia destes, alguém me notou, mas não me quis e tratou logo de se desfazer de mim, levando-me para um lugar onde fiquei exposta. Nem assim quizeram-me, pois pediam um preço muito alto por mim. Então surgiu uma pessoa muito observadora, examinando-me minuciosamente, resolveu adotar-me, pois viu que eu tinha um valor inestimável. Pegou-me com carinho e pagou o preço exigido. Agora tenho um senhor. Ele é meu dono e proprietário, tanto que já está inclinado a decifrar a minha origem. Ele já descobriu que tenho três irmãos, nascidos dois anos depois de mim, graças ao meu DNA. Agora ele está a procura do meu registro, se é que ele existe. Estou feliz. Já tenho onde ficar segura. Sou muito bem cuidada e até tenho sido mostrada a algumas pessoas. Algumas gostam de mim, outras, nem tanto, pois ficam olhando-me com alguma desconfiança. Falam que tenho a cara pálida como lua cheia em noite de neblina, mas não me importo, pois sei que possuo uma auréola dourada. Já pediram para eu ser fotografada. Estou pensando se aceito ou não. Quero saber primeiro de minha verdadeira identidade, pois sei que não nasci por acaso, muito embora não tenha sido reconhecida. Assim, vou aguardar com ansiedade o desfecho do meu futuro. Moeda fala?

Texto Balsemão.


quarta-feira, 29 de junho de 2011

terça-feira, 28 de junho de 2011

AS PRIMEIRAS MOEDAS DO BRASIL – 1695

Sabe-se que as primeiras moedas brasileiras cunhadas em prata foram produzidas pela Casa da Moeda da Bahia no ano de 1695, nos valores de 20, 40, 80, 160, 320 e 640 réis. Nossa literatura a respeito nos informa sobre este interessante material numismático, somente porque elas existem, não nos informando, porém nenhum outro detalhe em referencia, por exemplo, de como foram produzidas ou de onde provinha esta prata e o nome dos abridores de cunhos da época ou de onde vieram os cunhos. Estes foram abertos já em território brasileiro? Não temos, infelizmente, nenhuma notícia da existencia de cunhos daqueles longinquos tempos, nem mesmo em museus fora do Brasil. Nossa casa da Moeda do Rio de Janeiro, nem museu tem e segundo K.P. teve no passado grande incendio em suas instalações, quando foram consumidas pelas chamas suas preciosidades. Vamos agora tratar da realidade, isto é, coisas que a nossa história não conta e falar um pouco das moedas do ano 1695. Quando das tratativas para que fossem cunhadas nossas moedas no Brasil, na Casa da Moeda da Bahia, certamente foram feitos alguns ensaios, desses, temos somente uma prova, que é o 640 réis com data de 1695 chamada de calvário, peça única, de propriedade do museu Herculano Pires Banco Itaú – SP (figura nº 1)Trata-se de um ensaio, segundo os historiadores. Já a segunda, (figura nº 2) é uma moeda bastante conhecida, porém escassa, circulada no tempo do Brasil Colonia. Nossa curiosidade fica, então, em aberto.
Quem seriam os primeiros abridores de tais cunhos, de onde provinham os materiais para os mesmos? De onde vinham as ferramentas para a execução de tão delicada missão? Como seriam de fato cunhadas tais peças? Seriam elas feitas a quente ou apenas recozidas? Não escondo minha curiosidade, pois como conhecedor de todos esses processos, sei de antemão que não escrevo nenhuma novidade, porém não vi ninguém ainda, tratar de tão interessante assunto.
Fontes: - Kurt Prober – Catálogo das Moedas Brasileiras
Livro das Moedas do Brasil – Arnaldo Russo
O Outro Lado da Moeda –Postais Itaú Numismática



Fig. 1
Fig. 2

P. P. Balsemão
Ivoti/ RS