quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Em busca de minha identidade

Rogo venia para falar um pouco de mim mesma. Tenho 14 anos, pois, nasci em 1997. É só o que consta no meu curriculum. Não tenho registro de nascimento, não conheço meus pais, nem a cidade onde nasci. Já andei em muitos lugares, apesar da pouca idade. Andei de mãos em mãos, uma hora bem a vista, outra, escondida. Fui desprezada, ignorada e maltratada, sentindo vergonha disto tudo. Um dia destes, alguém me notou, mas não me quis e tratou logo de se desfazer de mim, levando-me para um lugar onde fiquei exposta. Nem assim quizeram-me, pois pediam um preço muito alto por mim. Então surgiu uma pessoa muito observadora, examinando-me minuciosamente, resolveu adotar-me, pois viu que eu tinha um valor inestimável. Pegou-me com carinho e pagou o preço exigido. Agora tenho um senhor. Ele é meu dono e proprietário, tanto que já está inclinado a decifrar a minha origem. Ele já descobriu que tenho três irmãos, nascidos dois anos depois de mim, graças ao meu DNA. Agora ele está a procura do meu registro, se é que ele existe. Estou feliz. Já tenho onde ficar segura. Sou muito bem cuidada e até tenho sido mostrada a algumas pessoas. Algumas gostam de mim, outras, nem tanto, pois ficam olhando-me com alguma desconfiança. Falam que tenho a cara pálida como lua cheia em noite de neblina, mas não me importo, pois sei que possuo uma auréola dourada. Já pediram para eu ser fotografada. Estou pensando se aceito ou não. Quero saber primeiro de minha verdadeira identidade, pois sei que não nasci por acaso, muito embora não tenha sido reconhecida. Assim, vou aguardar com ansiedade o desfecho do meu futuro. Moeda fala?

Texto Balsemão.