segunda-feira, 22 de novembro de 2010

960 Réis 1809R – Peça Única



Muito tenho lido a respeito do 960 Réis 1809R peça única conhecida nos meios numismáticos do Brasil. Nossos celebres professores K. Prober e Lupércio Gonçalves Ferreira, a ele se referem nos informando minúcias sobre este mito da coleção de moedas brasileiras. Kurt Prober em longo artigo inserido na “Revista Casa da Moeda” n° 5, de Outubro de 1947, relatando sua classificação detalhada, comentando também sobre outro “patacão” surgido em 1942/ 43, peça esta que causou furor nos meios numismáticos de então, ficando depois constatado e provado ser a mesma falsa: ou melhor: falsificada de uma outra moeda de 1810. A referida peça propriedade do Museu do Banco Central do Brasil está exposta ao público em uma de suas vitrines de moedas do Brasil para gaudio dos interessados em pelo menos poder ver a moeda considerada a mais rara de nossa coleção de prata. Interessante é ver-se que a dita moeda está em perfeito estado de conservação, o que chama ainda mais a atenção.

Quando iniciei nas gravações e cunhagens de minhas réplicas, procurei sempre pautar pela seriedade, admitindo estar enveredando por caminho muito complicado e perigoso, sendo assim tratei de me resguardar ao máximo possível para não ser repentinamente confundido com um “mero” falsificador.  Que fiz então? Tratei de me comunicar com a oficialidade dos meios numismáticos, procurando fazer ver a todos que estaria fazendo algo em prol dos estudiosos, pesquisadores, colecionadores e curiosos de nossas moedas, procurando com meu trabalho mostrar aos aficionados ser possível se conhecer peças raras ainda que por semelhança podendo ter em mãos minhas réplicas cunhadas por mim absolutamente sem nenhuma outra pessoa participar das gravações dos cunhos e da cunhagem das mesmas. Sendo assim, minhas primeiras amostras foram dirigidas às entidades oficiais e oficiosas. Enviei naquela ocasião, idos do ano 2000 ao Museu do BACEN minhas duas principais réplicas: peça da coroação e 960 réis 1809R, sendo as ditas acompanhadas de correspondência, esclarecendo o que escrevi acima, obtendo então ciência sobre o assunto.

Para minha satisfação, sou hoje conhecido entre os colecionadores nacionais e internacionais, pois tenho recebido manifestações também de fora do Brasil de pessoas que conhecem e admiram meu trabalho. Quando em 2005 publiquei um pequeno catálogo em que apresento todas as minhas peças até ali produzidas, tratei também de esclarecer meu propósito fazendo alusão aos que me provocaram tentando levar-me a caminhos espinhosos. Como felizmente sou bastante esclarecido e de um caráter firme e inabalável jamais me deixarei corromper por pessoas mal intencionadas.

Junto imagem de duas réplicas de prata do patacão 1909R e também dos cunhos que estarei destruindo muito em breve.

Referências:
- Catálogo dos Patacões 1809R do Rio;
- L. G. Ferreira;
- Revista Casa da Moeda – Rio de Janeiro.

Ivoti, Novembro de 2010.

P. P. Balsemão


sábado, 20 de novembro de 2010

As Barras de Ouro do Brasil Colônia de Portugal

P. P. Balsemão


Ouro: elemento químico de número atômico 79 e peso atômico 196,967, fundi-se a 1063° e entra em ebulição em 2970°.

Empregado na antiguidade, desde a civilização Egípcia, era aplicado nas armas, mobiliários, vasos, taças, tronos, candelabros e instrumentos musicais.

Na Idade Média, os melhores trabalhos em ouro eram Bizantinos. A ourivesaria teve papel destacado nos períodos carolíngeo, romântico e gótico, e atingiu no renascimento seu esplendor.
A existência do ouro no Brasil, era conhecida desde a primeira metade do século 16, consequencia de expedições destinadas à caça do Índio. A continuidade da busca do ouro e a caça do índio foi fator determinante de nossa expansão territorial.

O ouro passou a ser primordial para as finanças da metrópole, elevando-se constantemente à produção. De 725kg em 1669, passou-se a 4350kg em 1703, atingindo-se em 1712, 14500kg.

Instaladas as casas de fundição era retirado das barras "o quinto" devido à coroa. A colonização devia observar anualmente a tributação mínima de 10 arrobas. Não alcançando este mínimo seria decretada a "derrama", que consistiria na complementação obrigatória pela população das regiões mineiras dessa taxa. A expectativa da "derrama" foi das principais causas da conjunção mineira.

Casas de Fundição

O regimento das terras minerais do Brasil, editado em 1603, determinava que o governador mandasse fazer uma casa de fundição a qual "virá todo material de ouro e prata que das minas se tirar para nelas se fundir". Das várias casas de fundição que funcionaram no Brasil são conhecidas barras oriundas de:

Vila Rica, fundada em 1720, iniciou seus trabalhos em 1725. Esteve fechada entre 1735 até 1751. Funcinou até 1732.
Cuiabá: fundada em 1751, funcionou até 1723.
Goias: a casa de Vila Boa de Goias, foi fundada e, 1751.
Rio das Mortes: foi fundada em 1751, funcionou até 1818.
Serro Frio: também fundada em 1751, funcionou até 1832, sendo extinta em 1833.
Sabará: fundada em 1751, operou até 1832, sendo extinta em 1833.
Mato Grosso: iniciou os trabalhos em 1772, tendo sido transferida para Cuiabá em 1819.

As capitanias de Mato Grosso e Cuiabá faziam parte da capitania de São Paulo.

Procurarei relatar ainda que de uma maneira singela o processo de fabricação das "barras de ouro" produzidas pelas Casas de Fundição que funcionaram no Brasil colônia desde o século 16, sendo de forma mais organizada desde 1755 até 1833 já no Brasil império e que durante um bom tempo circulavam como "moeda corrente", especialmente nas províncias do interior.

Com equipamentos e ferramentas primitivas, mas com habilidades de verdadeiros artesões, eram produzidas verdadeiras joias, como o são até nossos dias as barrinhas provindas de nosso ouro.

De como se fundiam as barras: o ouro era recebido nas casas de permuta, em intendências e casas de fundição, no estado em que saia das lavras: em pó, em pepitas, etc. das mãos dos faiscadores, garimpeiros ou mineradores que deviam entregar tal como tinham encontrado. Despejavam de suas "broacas" sobre a mesa do "fiscal", pesando cada lote, descontava-se então, já "o quinto" ou seja: 20% do peso bruto, sendo o restante para fundir as ditas barras de variados tamanhos sempre de acordo com o ouro entregue. Recebia o portador então um "recibo" do ouro e posteriormente viria a receber a barra já fundida, pronta, marcada com seu número, data, peso, toque, marca do ensaiador e tendo em uma de suas pontas as armas da coroa.

Essas maravilhosas e valiosas peças encontram-se em mãos de poucos estando em sua maioria guardadas nos museus mais importantes do Brasil.

Ouro em Pó e em Barras, de K.P.
BACEN - Banco Central do Brasil.

Descrição das Barras:

Barra N° 121 – Peso 38g – K. P. n° 113 – Histórico: esta barra era da coleção do Comandante Alberto Rocha, Rio, em fins de 1931 vendeu a coleção por intermédio de Santos Leitão e Cia. Rio. Constava na lista de vendas daquele negociante em 06/10/1931 por Rs$ 2:500$000. Em 27/05/1932 o Dr. Edgar de Araújo Romero, do Museu Histórico Nacional, deu um certificado desta barra, que em 09/05/1942 me foi mostrado pelo Sr. Agostinho da casa de câmbio – Casa Gonçaga (Avenida Rio Branco, Rio) que também possuía um decalque da peça que aparentemente tinha comprado e a vendido ao Dr. José Luiz de Araújo, de Niterói. Este colecionador era dono da barra em 1941, quando publiquei meu livro: Circulação de Ouro em Pó e em Barras do Brasil, em que descrevi e ilustrei a peça sob referência n° 32 com um desenho que este colecionador me deixou tirar de uma decalque que me emprestou. O Dr. J.L. de Araújo parece ter vendido a peça ao Sr. José Júlio de Andrade que então novamente mandou fazer a classificação pelo Museu Histórico Nacional. O negociante Miguel Sales, do Rio, retalhou a coleção do colecionador José Júlio de Andrade 19/12/1946 e vendeu esta barra por CR$ 7000 ao Sr. Hermann Porcher, de São Paulo, que por sua vez, vendeu a Hans M. F. Schuman, de Nova York, em 21/01/1947. Hans M. F. Schuman, por sua vez vendeu a peça ao Rei Farouk, do Egito e quando a coleção deste rei deposto foi desapropriada e vendida, constava ela no catálogo respectivo da casa Spink, de Londres, sob referência n° 18 (Sohebi, Londres – base: 90 libras).

Barra n° 856 – Peso 28,50g – Histórico: veja a descrição da barra falsa – “F. P.-1813 - V-2723”. Antes de 1941 este peça deve ter existido autêntica, pois a peça falsa, acima citada, foi por ela moldada com excepcional perícia e fidelidade naturalmente variando o peso que na legítima devia ser “teoricamente” de 26,10g, quando a falsa peça apenas: 14,86g.

(Duas réplicas de barra de ouro, uma de Vila Rica, n° 121 e outra de Serro Frio, n° 856). Ouro em pó e em barras – K.P.

Do Gravador P. P. Balsemão

Ivoti, 20 de Novembro de 2010.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Os Sete Medalhões Romanos

A história desses medalhões é bastante interessante, pois num belo dia, olhando num livro de história deparei-me com estas figuras romanas da antiguidade. Tive, então, a idéia de vê-los gravados, pois achei aquelas figuras expressivas por serem, naturalmente, mitológicas. Foi aí que tudo começou. Ampliei as fotos, cortei os discos do material e comecei a trabalhar com muito entusiasmo e aplicação. Fui gravando uma por uma, vendo aparecer em minha frente, aquilo que imaginei desde o início. Quando a série dos sete medalhões ficou pronta, foram decorar meu ambiente de trabalho, para minha satisfação.

Mas isto não ficou só aí. Logo começava outra batalha. Foi quando resolvi gravar também as réplicas das mesmas peças, em tamanho natural, para então, cunhá-las em prata. Isto já é outra história, que será contada oportunamente.
Medalhões de figuras mitológicas da Roma Antiga.

Material: bronze patinado, feitos à mão (peças únicas)
Diâmetro: 140 mm
Tempo de serviço aproximado: 48 horas para cada peça.
Data: ano 1997
Gravador: P. P Balsemão

Denário romano
Deusa de Roma à direita – 109 a.C

Denário Romano
Júpiter à direita – 75 a. C.

Denário Romano
Cabeça de Roma à esquerda – 103 a.C.


Denário Romano
Cabeça radiada do sol à direita – 75 a. C.


Denário Romano
 Cabeça de Roma à direita – 141 a.C.

Denário Romano
Cabeça de Roma à direita – 141 a.C.

Denário Romano
Cabeça de Vênus à direita – 46 a.C