sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

AS CÓPIAS VINDAS DA CHINA (3)

Pois meus amigos... Estas cópias vão ainda dar muito o que se falar.
Recentemente, por ocasião do VIII Congresso Latino Americano de Numismática, patrocinado pela SNB de São Paulo foi cunhada mais uma medalha, aliás, como tem sido praxe, para assinalar tal evento. Tem, esta peça, em seu reverso, uma réplica de um Dois mil Réis, 1875, com o busto de D. Pedro II à esquerda e com um carimbo bifacial da República da Guatemala, do ano de 1897. Devo assinalar aqui que tão logo recebi o folder, anunciando que assim seria a medalha do último CLAN, registrei o meu protesto, por discordar da escolha daquela peça, achando-a de muito mau gosto, muito embora, devesse eu saber, tratar-se de moeda existente, constante do catálogo de moedas USA dos anos 1801/1900, KM 213, dada como rara.
Por que protestei? Simplesmente por discordar da sugestão escolhida, cujo carimbo, tampou o rosto do nosso imperador.
Como estive presente ao evento realizado nos dias 02, 03 e 04 de dezembro, tive a oportunidade de comentar com alguns companheiros a minha opinião, a respeito do que escrevi acima. Agora pasmem meus leitores: Em conversa com um comerciante presente ao evento, fiz referencia a tal moeda ao que respondeu ele que tal peça seria considerada peça única e que se encontra no museu da capital da Guatemala, mas que os “chinas” já haviam copiado a mesma, estando, portanto a venda, para desencanto dos comerciantes de moedas.
Pois bem, tratei de por os meus colaboradores em ação e hoje, dia 18 de dezembro do ano que está por findar, chegou em minhas mãos um exemplar, cópia fiel da dita “prata”, 1875. Não vou nem comentar a perfeição da cópia, pois como eu disse, é fiel em tudo, faltando apenas, a assinatura do gravador Luster, que tiveram o cuidado de extrair. Agora vem a pergunta: Se a peça é tão rara ao ponto de ser tida como única, como é que fizeram a cópia? Deixo a pergunta no ar. Antes, chamando a atenção, profetizando – breve, muito breve, veremos muitas peças “únicas”, replicadas fielmente, sendo vendidas a preços irrisórios aos colecionadores.
Ivoti-RS, 18 de dezembro de 2010.

Nota: Vejam que já tomei o cuidado de colocar a palavrinha “cópia”, na minha aquisição, senão ...



Ivoti, 25 de Dezembro de 2010.
P. P. Balsemão.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

XIII CLAN – SNB – SP

Tive a satisfação de estar presente no XIII Congresso Latino Americano de Numismática, realizado em São Paulo, nos dias 02, 03 e 04 de dezembro deste ano, quando revi muitos companheiros de lugares distantes. Vivi momentos de plena alegria, vendo o salão destinado ao evento, repleto de comerciantes ávidos em negociar muitas maravilhas expostas em suas mesas. Apertei a mão de muitos. De alguns até fiz aquisições, ainda que poucas. Presenciei a última venda sob ofertas, realizado no sábado, dia 04, ali também disputei alguns lotes. Devo destacar lote n° 3548, medalha Esforço de Guerra, cunhada no ano de 1943, na Casa da Moeda do Brasil, para registrar a participação do Brasil na II Guerra Mundial (1939-1945). K.P. n° 3P – 10 peças cunhadas em prata. “Paguei alto, mas satisfiz meu ego”.

Não posso deixar de registrar o lançamento em 2ª edição do livro: Conjunto de Moedas, Barras e Medalhas Brasileiras – RLM, que tive a honra de ser destacado com um exemplar, com uma bela dedicatória feita pelo autor Dr. Roberto L. Monteiro, a quem devo agradecer a especial deferência. Trata esse livro do registro de peças brasileiras desde os tempos do Brasil Colonial Imperial, até o início da República Brasileira. Magnífica obra colorida, muita bem elaborada com excelente impressão. Parabenizo o autor por seu desprendimento ao mostrar ao mundo numismático de nosso país, tão maravilhosa e importante coleção.




quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

960 Réis 1809R – Peça Única



Muito tenho lido a respeito do 960 Réis 1809R peça única conhecida nos meios numismáticos do Brasil. Nossos celebres professores K. Prober e Lupércio Gonçalves Ferreira, a ele se referem nos informando minúcias sobre este mito da coleção de moedas brasileiras. Kurt Prober em longo artigo inserido na “Revista Casa da Moeda” n° 5, de Outubro de 1947, relatando sua classificação detalhada, comentando também sobre outro “patacão” surgido em 1942/ 43, peça esta que causou furor nos meios numismáticos de então, ficando depois constatado e provado ser a mesma falsa: ou melhor: falsificada de uma outra moeda de 1810. A referida peça propriedade do Museu do Banco Central do Brasil está exposta ao público em uma de suas vitrines de moedas do Brasil para gaudio dos interessados em pelo menos poder ver a moeda considerada a mais rara de nossa coleção de prata. Interessante é ver-se que a dita moeda está em perfeito estado de conservação, o que chama ainda mais a atenção.

Quando iniciei nas gravações e cunhagens de minhas réplicas, procurei sempre pautar pela seriedade, admitindo estar enveredando por caminho muito complicado e perigoso, sendo assim tratei de me resguardar ao máximo possível para não ser repentinamente confundido com um “mero” falsificador.  Que fiz então? Tratei de me comunicar com a oficialidade dos meios numismáticos, procurando fazer ver a todos que estaria fazendo algo em prol dos estudiosos, pesquisadores, colecionadores e curiosos de nossas moedas, procurando com meu trabalho mostrar aos aficionados ser possível se conhecer peças raras ainda que por semelhança podendo ter em mãos minhas réplicas cunhadas por mim absolutamente sem nenhuma outra pessoa participar das gravações dos cunhos e da cunhagem das mesmas. Sendo assim, minhas primeiras amostras foram dirigidas às entidades oficiais e oficiosas. Enviei naquela ocasião, idos do ano 2000 ao Museu do BACEN minhas duas principais réplicas: peça da coroação e 960 réis 1809R, sendo as ditas acompanhadas de correspondência, esclarecendo o que escrevi acima, obtendo então ciência sobre o assunto.

Para minha satisfação, sou hoje conhecido entre os colecionadores nacionais e internacionais, pois tenho recebido manifestações também de fora do Brasil de pessoas que conhecem e admiram meu trabalho. Quando em 2005 publiquei um pequeno catálogo em que apresento todas as minhas peças até ali produzidas, tratei também de esclarecer meu propósito fazendo alusão aos que me provocaram tentando levar-me a caminhos espinhosos. Como felizmente sou bastante esclarecido e de um caráter firme e inabalável jamais me deixarei corromper por pessoas mal intencionadas.

Junto imagem de duas réplicas de prata do patacão 1909R e também dos cunhos que estarei destruindo muito em breve.

Referências:
- Catálogo dos Patacões 1809R do Rio;
- L. G. Ferreira;
- Revista Casa da Moeda – Rio de Janeiro.

Ivoti, Novembro de 2010.

P. P. Balsemão


sábado, 20 de novembro de 2010

As Barras de Ouro do Brasil Colônia de Portugal

P. P. Balsemão


Ouro: elemento químico de número atômico 79 e peso atômico 196,967, fundi-se a 1063° e entra em ebulição em 2970°.

Empregado na antiguidade, desde a civilização Egípcia, era aplicado nas armas, mobiliários, vasos, taças, tronos, candelabros e instrumentos musicais.

Na Idade Média, os melhores trabalhos em ouro eram Bizantinos. A ourivesaria teve papel destacado nos períodos carolíngeo, romântico e gótico, e atingiu no renascimento seu esplendor.
A existência do ouro no Brasil, era conhecida desde a primeira metade do século 16, consequencia de expedições destinadas à caça do Índio. A continuidade da busca do ouro e a caça do índio foi fator determinante de nossa expansão territorial.

O ouro passou a ser primordial para as finanças da metrópole, elevando-se constantemente à produção. De 725kg em 1669, passou-se a 4350kg em 1703, atingindo-se em 1712, 14500kg.

Instaladas as casas de fundição era retirado das barras "o quinto" devido à coroa. A colonização devia observar anualmente a tributação mínima de 10 arrobas. Não alcançando este mínimo seria decretada a "derrama", que consistiria na complementação obrigatória pela população das regiões mineiras dessa taxa. A expectativa da "derrama" foi das principais causas da conjunção mineira.

Casas de Fundição

O regimento das terras minerais do Brasil, editado em 1603, determinava que o governador mandasse fazer uma casa de fundição a qual "virá todo material de ouro e prata que das minas se tirar para nelas se fundir". Das várias casas de fundição que funcionaram no Brasil são conhecidas barras oriundas de:

Vila Rica, fundada em 1720, iniciou seus trabalhos em 1725. Esteve fechada entre 1735 até 1751. Funcinou até 1732.
Cuiabá: fundada em 1751, funcionou até 1723.
Goias: a casa de Vila Boa de Goias, foi fundada e, 1751.
Rio das Mortes: foi fundada em 1751, funcionou até 1818.
Serro Frio: também fundada em 1751, funcionou até 1832, sendo extinta em 1833.
Sabará: fundada em 1751, operou até 1832, sendo extinta em 1833.
Mato Grosso: iniciou os trabalhos em 1772, tendo sido transferida para Cuiabá em 1819.

As capitanias de Mato Grosso e Cuiabá faziam parte da capitania de São Paulo.

Procurarei relatar ainda que de uma maneira singela o processo de fabricação das "barras de ouro" produzidas pelas Casas de Fundição que funcionaram no Brasil colônia desde o século 16, sendo de forma mais organizada desde 1755 até 1833 já no Brasil império e que durante um bom tempo circulavam como "moeda corrente", especialmente nas províncias do interior.

Com equipamentos e ferramentas primitivas, mas com habilidades de verdadeiros artesões, eram produzidas verdadeiras joias, como o são até nossos dias as barrinhas provindas de nosso ouro.

De como se fundiam as barras: o ouro era recebido nas casas de permuta, em intendências e casas de fundição, no estado em que saia das lavras: em pó, em pepitas, etc. das mãos dos faiscadores, garimpeiros ou mineradores que deviam entregar tal como tinham encontrado. Despejavam de suas "broacas" sobre a mesa do "fiscal", pesando cada lote, descontava-se então, já "o quinto" ou seja: 20% do peso bruto, sendo o restante para fundir as ditas barras de variados tamanhos sempre de acordo com o ouro entregue. Recebia o portador então um "recibo" do ouro e posteriormente viria a receber a barra já fundida, pronta, marcada com seu número, data, peso, toque, marca do ensaiador e tendo em uma de suas pontas as armas da coroa.

Essas maravilhosas e valiosas peças encontram-se em mãos de poucos estando em sua maioria guardadas nos museus mais importantes do Brasil.

Ouro em Pó e em Barras, de K.P.
BACEN - Banco Central do Brasil.

Descrição das Barras:

Barra N° 121 – Peso 38g – K. P. n° 113 – Histórico: esta barra era da coleção do Comandante Alberto Rocha, Rio, em fins de 1931 vendeu a coleção por intermédio de Santos Leitão e Cia. Rio. Constava na lista de vendas daquele negociante em 06/10/1931 por Rs$ 2:500$000. Em 27/05/1932 o Dr. Edgar de Araújo Romero, do Museu Histórico Nacional, deu um certificado desta barra, que em 09/05/1942 me foi mostrado pelo Sr. Agostinho da casa de câmbio – Casa Gonçaga (Avenida Rio Branco, Rio) que também possuía um decalque da peça que aparentemente tinha comprado e a vendido ao Dr. José Luiz de Araújo, de Niterói. Este colecionador era dono da barra em 1941, quando publiquei meu livro: Circulação de Ouro em Pó e em Barras do Brasil, em que descrevi e ilustrei a peça sob referência n° 32 com um desenho que este colecionador me deixou tirar de uma decalque que me emprestou. O Dr. J.L. de Araújo parece ter vendido a peça ao Sr. José Júlio de Andrade que então novamente mandou fazer a classificação pelo Museu Histórico Nacional. O negociante Miguel Sales, do Rio, retalhou a coleção do colecionador José Júlio de Andrade 19/12/1946 e vendeu esta barra por CR$ 7000 ao Sr. Hermann Porcher, de São Paulo, que por sua vez, vendeu a Hans M. F. Schuman, de Nova York, em 21/01/1947. Hans M. F. Schuman, por sua vez vendeu a peça ao Rei Farouk, do Egito e quando a coleção deste rei deposto foi desapropriada e vendida, constava ela no catálogo respectivo da casa Spink, de Londres, sob referência n° 18 (Sohebi, Londres – base: 90 libras).

Barra n° 856 – Peso 28,50g – Histórico: veja a descrição da barra falsa – “F. P.-1813 - V-2723”. Antes de 1941 este peça deve ter existido autêntica, pois a peça falsa, acima citada, foi por ela moldada com excepcional perícia e fidelidade naturalmente variando o peso que na legítima devia ser “teoricamente” de 26,10g, quando a falsa peça apenas: 14,86g.

(Duas réplicas de barra de ouro, uma de Vila Rica, n° 121 e outra de Serro Frio, n° 856). Ouro em pó e em barras – K.P.

Do Gravador P. P. Balsemão

Ivoti, 20 de Novembro de 2010.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Os Sete Medalhões Romanos

A história desses medalhões é bastante interessante, pois num belo dia, olhando num livro de história deparei-me com estas figuras romanas da antiguidade. Tive, então, a idéia de vê-los gravados, pois achei aquelas figuras expressivas por serem, naturalmente, mitológicas. Foi aí que tudo começou. Ampliei as fotos, cortei os discos do material e comecei a trabalhar com muito entusiasmo e aplicação. Fui gravando uma por uma, vendo aparecer em minha frente, aquilo que imaginei desde o início. Quando a série dos sete medalhões ficou pronta, foram decorar meu ambiente de trabalho, para minha satisfação.

Mas isto não ficou só aí. Logo começava outra batalha. Foi quando resolvi gravar também as réplicas das mesmas peças, em tamanho natural, para então, cunhá-las em prata. Isto já é outra história, que será contada oportunamente.
Medalhões de figuras mitológicas da Roma Antiga.

Material: bronze patinado, feitos à mão (peças únicas)
Diâmetro: 140 mm
Tempo de serviço aproximado: 48 horas para cada peça.
Data: ano 1997
Gravador: P. P Balsemão

Denário romano
Deusa de Roma à direita – 109 a.C

Denário Romano
Júpiter à direita – 75 a. C.

Denário Romano
Cabeça de Roma à esquerda – 103 a.C.


Denário Romano
Cabeça radiada do sol à direita – 75 a. C.


Denário Romano
 Cabeça de Roma à direita – 141 a.C.

Denário Romano
Cabeça de Roma à direita – 141 a.C.

Denário Romano
Cabeça de Vênus à direita – 46 a.C


domingo, 31 de outubro de 2010

Medalhões

Começo hoje a mostrar através do meu blog meus medalhões gravados no decorrer de alguns anos. São peças únicas que executei para exercitar-me pois como autodidata que sou foi só através da prática que consegui evoluir em minhas gravações. O moedeiro foi praticamente minha primeira experiência em gravar figuras humanas. Entusiasmei-me com esta figura do cunhador manual do século XVI quando com um pesado malho cunhava as moedas ao seu senhor. Bronze, 300X160mm, gravado inteiramente a mão. Ferramentas usadas: martelo, cinzel, buril e alguns punções. Tempo: + ou - 80 horas. Ano: 1993.
Autoria do escultor Aldo Cascardo – C.M.B. – réplica Balsemão.

Busto de D. Pedro I – a Peça da Coroação – 1822R – Bronze 130mm
Um de meus primeiros trabalhos com as mesmas ferramentas. Ano 1996. Tempo: + ou - 70 horas.


D. Pedro II
Material: duralumínio. 220mm. Tempo: + ou - 70 horas.


Denário Romano, Caesar
Material: duralumínio. Diâmetro: 220mm. Tempo: + ou - 70 horas.


quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Encontro em Taquara

Nos dias 15 e 16 de outubro, estarei participando do 7° Encontro Nacional de Filatelia, Numismática e Colecionismo de Taquara / RS.

Quem vai???

domingo, 10 de outubro de 2010

A DESMITIFICAÇÃO DA NUMISMÁTICA (isto é uma provocação)

Há uns tempos atrás, escrevi um texto, cujo título era: “As imitações e suas consequências”.
Agora estou me questionando: como anda a numismática em nosso país?
Onde se encontram os verdadeiros numismatas? Estarão eles em extinção?
São perguntas que se impõem quando de nossos encontros, palestras e reuniões.
No ano de 2002, quando do 1º Congresso Luso Brasileiro de Numismática, realizado em Brasília, chegamos a discutir tal tema, tanto que a chamada do referido Encontro era o título acima.
Então cabe bem a pergunta: trata a numismática de MITOS? Ou melhor: será a numismática considerada MITO? Primeiro é preciso esclarecer o significado da palavra MITO: mito é o produto de nossa imaginação, então criamos nossos próprios mitos; imaginamos uma moeda não como um produto histórico, mas sim como algo fabuloso que foi feito não para ser tocado, admirado, estudado, mas sim, para ser guardado a sete chaves sendo este produto proibido de ser mostrado aos outros, sendo então por nós escondidos, impedindo de ser visto. Tenho mas não mostro, mais ou menos assim.
Voltando às imitações, são estas criticadas, principalmente, pelos negociantes, pois entendem estes serem as imitações uma farsa, não sendo permitido, muito menos aceito, sua utilização, quer dizer: não sendo verdadeiro, não é válido. Aí está constatada a ideia do MITO. Mas se eu não tenho condições de adquirir uma peça legítima muito rara que, por conseguinte, é muito cara, por que não posso ter uma imitação ou dizendo melhor, uma réplica da original, para que eu possa ver como é aquela peça tão rara? Não é a obra de Da Vinci, Monalisa, tão imitada? Ou seria preciso ir ao Louvre para admira-la e conhece-la? Acabo de registrar um exemplo do que é um MITO. Pois sendo assim: comprei uma coleção de moedas americanas, meras imitações que são as fotografias metálicas daquelas peças impossíveis de serem por mim adquiridas. São as mesmas de uma perfeição tal que me permitem ver todos os detalhes, são cópias fieis das originais, compradas por preços ínfimos e que nos dão também prazer em olha-las mesmo sabendo que são “FALSAS”. Importante: não fomos ludibriados, não estamos comprando gato por lebre. Assim: acabei com aquele MITO.
Como gravador que sou e bastante familiarizado com diversos tipos de cunhagens, resolvi há uns tempos gravar e cunhar algumas réplicas das moedas mais raras da coleção brasileira, começando a mostrar aos mais entendidos minhas cunhagens e me atrevo a dizer: fui aprovado. Me entusiasmei e me firmei naquilo que me propus: só replicar peças realmente raras. Quando vi pela primeira vez as peças vindas do exterior achei-as lindas e não vi mal algum em compra-las, mas não as recomendo, só recomendo as minhas...rsrs
Mas voltamos ao MITO: foi recentemente editada por um grande colecionador paulista, uma linda, mas limitada obra, só 30 volumes distribuídos para alguns amigos e entidades relacionadas a nossa numismática, tive a satisfação de ter em minhas mãos um desses volumes que me foi emprestado por um desses privilegiados companheiros: meus amigos, que maravilha! Que extraordinária coleção. Ali estão fotografadas e catalogadas em colorido as mais importantes e raras moedas da coleção brasileira, incluindo várias medalhas também raras. Aí está um exemplo do que pode ser considerado um verdadeiro mito de nossa numismática, pois geralmente quem possui algo parecido, não mostra para ninguém. Está, portanto, esse Senhor dando uma demonstração de desassombro, vindo a DESMITIFICAR a nossa numismática. A este eu parabenizo por seu desprendimento e coragem.
Volto mais uma vez dar exemplo de mitos: fui convidado há uns anos atrás, por uma entidade bancária de outro estado, para fazer uma série de cópias de moedas diversas, ou seja, tanto do Brasil como do mundo todo. Agora eu pergunto: qual o mal de uma entidade fazer cópias para exibi-las ao público que então poderia, ou melhor, dizendo poderá ver réplicas e não as verdadeiras, que estão entesouradas nas caixas fortes de suas casas bancárias pelo alto valor que elas representam tornando-se então mitos e mitos não se enxergam, pois são frutos de nossa imaginação.
Mais um exemplo de um mito: quando em nossas VO., são nos oferecidas peças de alto valor,vejam que eu digo alto valor, são estas consideradas ou não um mito? Pois acabam de sair de uma fortuna para entrar noutra. É ou não é uma fábula?
Vamos citar aqui, alguns exemplos de fatos fabulosos e bem recentes: foi vendida nos Estados Unidos uma moeda brasileira de 500 réis de prata do ano de l887 pela bagatela de US$ 52.000,00. Foi vendida também nos USA, uma moeda de um dólar 1795 por US$ 1.200.000,00. Agora em um leilão na cidade de SP, está sendo apregoada um 640 réis por R$ 110.000,00. Assim temos que admitir estarmos diante de alguns MITOS, ou não?
Deixemos então de sermos imaginários, vamos encarar a história de nossas moedas sem fábulas, sabemos que elas existem, algumas não podem ser por nós tocadas, e muitas vezes nem vistas, então precisamos de uma fotografia para conhecê-las e, é claro, se tivermos uma perfeita réplica, aí sim fica tudo muito melhor.

P. P. Balsemão

AS IMITAÇÕES E SUAS CONSEQUÊNCIAS

Há poucos dias atrás, li em algum lugar sobre um expert que foi enganado ao identificar uma peça rara em uma loja de antiguidades na Europa. O cara “pagou o mico” junto à dona da loja.

Há quinze anos, quando comecei a fazer as minhas primeiras réplicas, tratei desde logo de identifica-las para não ter problemas no futuro. O tempo foi passando e com muito afinco e coragem segui fazendo novas e mais perfeitas réplicas que eu enviava aos meus colegas e amigos para obter opiniões sobre meu trabalho. Recebi inúmeras manifestações de todo o território brasileiro e em todas tive o apoio e incentivo para continuar.

Mas, afinal – ao que exatamente eu estava me propondo? Qual o meu objetivo? Estaria eu pensando em ganhar dinheiro com isso? Não. Nada disto. Minha intenção era divulgar, estimular o colecionismo de moedas, chamar a atenção das pessoas para a beleza e a importância de nossas moedas, que contam um pouco da história de nosso país. Minha primeira réplica que julgo importante foi a “Peça da Coroação” – D. Pedro I, 1822R. Em seguida fiz o 960 réis 1809R, peça única conhecida. Logo adiante dentre muitas outras, fiz também réplica das “Três Cabeças” da República (1891/1896/1897). Com estas, fui projetado nacionalmente no meio numismático a ponto de receber correspondência dos mais ilustres expoentes da numismática brasileira, (alguns, infelizmente já falecidos) cumprimentando-me pela perfeição do trabalho. Embora a aprovação para o meu trabalho não tenha sido unânime, pois algumas pessoas manifestaram-se, ainda que timidamente, contra, não desisti do meu projeto.

Hoje, felizmente, sou reconhecido e respeitado no meio numismático, entretanto, algumas observações “espirituosas ou não”, muitas vezes são colocadas numa roda de conversa entre companheiros. Por exemplo: “Se o Balsemão tivesse más intenções com suas réplicas, causaria sérias controvérsias no meio numismático” ou “Como todo o bom artista, este gravador ficará famoso, mas, naturalmente, após a sua partida, deixando suas peças serem disputadas pelos ávidos comerciantes, que aí sim tratarão de valoriza-las ao máximo”.

Vale ainda esclarecer: Porquê réplica de tal ou qual peça? Qual o critério adotado para fazer este trabalho? As peças que me proponho a replicar são, muitas vezes, únicas ou raras, que se não estão em mãos de alguns colecionadores, poderão ser vistas apenas em museus ou em fotografias. A réplica tem o propósito de aproximarem-se o mais possível da peça original, porém sem qualquer comprometimento, pois elas são, invariavelmente, identificadas em seu propósito.

Agora vamos tratar de outras imitações; aquelas que são feitas com o sentido iminente de enganar, tirar proveito – vejam que não menciono falsificações e sim imitações. São peças de todos os tipos, de marcas e grifes famosas – desde porcelanas, cristais, marfins, biscuit, até roupas, calçados, etc. Agora, chegou a vez das moedas. Vindas do exterior, estão causando verdadeiro estardalhaço nos meios numismáticos. Há um ano atrás, comprei de um comerciante, duas peças de “prata” – 2.000 réis 1867/1886, oferecidas esclarecidamente como “falsas”. Comprei sabendo. Queria comparar e ver a que ponto poderia chegar a semelhança com uma original. É de assombrar a perfeição da imitação.

Recentemente um amigo esteve nos Estados Unidos e de lá me trouxe um 4.000 réis de 1900, famosa peça comemorativa de nossa numismática. Linda e perfeita imitação.

Alguns dias mais tarde, em nosso Encontro Numismático em Porto Alegre, eis que vejo algo estarrecedor em matéria de imitação: mais um 4.000 réis e os dólares norte americanos dos séculos XVIII e XIX, com a coleção inteirinha num belo álbum cuja capa também era de uma imitação perfeita de couro, que faria “Luster babar”, pois o estojo referido talvez valesse mais ainda do que as próprias peças. As especificações escritas, evidentemente em inglês e garantindo serem as peças em prata 900. Não tive dúvida: de posse de uma peça de 4.000 réis 1900 fui à procura, ali mesmo próximo ao encontro, de um chaveiro que pudesse corta-la ao meio. O chaveiro não queria fazer o serviço, com pena de estragar uma peça “tão bonita e cara”. Tive que argumentar muito e então ele concordou em cortar a peça e assim pudemos confirmar o que eu já suspeitava: Não se tratava de prata coisa nenhuma e sim de um latão (cobre + zinco) ali debaixo daquele “prateado”. Então todos os presentes ao evento puderam constatar o “blefe”. Se estas peças vêm da China, eu não sei, só sei que são tão perfeitas que podem enganar aos menos avisados, portanto... E o preço é ainda mais estarrecedor. Segundo os participantes do “Mercado Livre”, estas peças podem ser adquiridas por bagatelas.

E agora, o que fazer? Processar os imitadores? Apelar para a “Corte Internacional”ou irritarmo-nos? Não, nada disto. Vamos encarar estes fatos com naturalidade, sabendo que jamais poderemos impedir esta prática no mercado. Vamos sim, ficarmos atentos e chamar a atenção de todos os interessados para terem cuidado, pois o trabalho é tão perfeito que pode enganar a qualquer um. Entretanto, alguns detalhes podem ser o “divisor de águas”: O peso da peça será exatamente igual ao peso da peça original? O preço oferecido é o praticado no meio numismático? Há um consenso na média de preços? Às vezes nem pelo peso é possível decifrar uma verdadeira de uma falsa. A peça que adquiri, ciente de que era falsa, tem o peso muito aproximado da verdadeira. A imitação é tão “perfeita” que a criatividade dos “inventores” vai desde uma moeda BG, UG, BC e aí por diante. Não foi esquecida nem mesmo a pátina...
Então, nós, que nos consideramos verdadeiros numismatas temos o dever de reconhecer uma peça falsificada, imitada ou replicada.

Em breve, voltarei ao assunto.

P. P. Balsemão

Um pouco sobre mim...


Ao iniciar meu Blog, estou me dando a conhecer aos que me honrarem com sua leitura. Nasci em 1931, na cidade de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul – Brasil. Me criei manuseando as moedas de Mil Réis. Assisti em 1942, então com 11 anos e cursando 0 3° ano primário a Reforma Monetária que mudou o Mil Réis para o Cruzeiro. 1967, veio o Cruzeiro Novo, já era adulto mas ainda não me interessava pelas moedas. Daí vieram diversas reformas em nosso dinheiro e em 1989, como que num estalo, lá estava eu com uma porção de moedas a observá-las quando então, fui em busca de suas histórias. Foi aí que tudo começou. Desde então, não teve mais um dia em que não me envolvesse de uma maneira ou de outra com nossas moedas. Me filiei então a algumas entidades ligadas ao colecionismo. Já em 1995, organizei uma exposição na sede do Banco do Brasil, na cidade de São Leopoldo – RS, onde estive radicado por muitos anos. Viajei por algumas cidades do nosso interior, com esta exposição, mostrando aos interessados o nosso dinheiro, o dinheiro do Brasil. Está hoje esta vitrine fixada no Museu Histórico Visconde de São Leopoldo, na mesma cidade, pois assim decidi, lá seria o seu lugar doravante. Hoje me intitulo colecionador das moedas brasileiras e estudioso de toda sua história.

Sou gravador profissional (autodidata), estabelecido desde 1952 na cidade de São Leopoldo. Hoje estou aposentado e então me sobra mais tempo para me dedicar ao que eu mais gosto de fazer, entre outros, pois tenho mais um hobby que é o de cunhar moedas e medalhas raras. Assim me distraio com um tema muito emocionante. Em 2005 editei um catálogo do meu trabalho que intitulei: “Catálogo de Réplicas e Medalhas do Gravador Balsemão”. Ali publiquei todos os meus trabalhos até Novembro de 2004. Foi justamente aí que passei a ser mais conhecido tanto como colecionador como gravador de réplicas.

Pretendo me comunicar com o mundo da internet para passar minhas experiências como curioso e pesquisador do tema Numismático. Pretendo editar seguidamente textos de informações para provocar meus companheiros e colegas, esperando naturalmente ser entendido, aguardando sempre manifestações e opiniões a respeito.

P. P. Balsemão
Ivoti, 10 de outubro de 2010.