domingo, 31 de outubro de 2010

Medalhões

Começo hoje a mostrar através do meu blog meus medalhões gravados no decorrer de alguns anos. São peças únicas que executei para exercitar-me pois como autodidata que sou foi só através da prática que consegui evoluir em minhas gravações. O moedeiro foi praticamente minha primeira experiência em gravar figuras humanas. Entusiasmei-me com esta figura do cunhador manual do século XVI quando com um pesado malho cunhava as moedas ao seu senhor. Bronze, 300X160mm, gravado inteiramente a mão. Ferramentas usadas: martelo, cinzel, buril e alguns punções. Tempo: + ou - 80 horas. Ano: 1993.
Autoria do escultor Aldo Cascardo – C.M.B. – réplica Balsemão.

Busto de D. Pedro I – a Peça da Coroação – 1822R – Bronze 130mm
Um de meus primeiros trabalhos com as mesmas ferramentas. Ano 1996. Tempo: + ou - 70 horas.


D. Pedro II
Material: duralumínio. 220mm. Tempo: + ou - 70 horas.


Denário Romano, Caesar
Material: duralumínio. Diâmetro: 220mm. Tempo: + ou - 70 horas.


quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Encontro em Taquara

Nos dias 15 e 16 de outubro, estarei participando do 7° Encontro Nacional de Filatelia, Numismática e Colecionismo de Taquara / RS.

Quem vai???

domingo, 10 de outubro de 2010

A DESMITIFICAÇÃO DA NUMISMÁTICA (isto é uma provocação)

Há uns tempos atrás, escrevi um texto, cujo título era: “As imitações e suas consequências”.
Agora estou me questionando: como anda a numismática em nosso país?
Onde se encontram os verdadeiros numismatas? Estarão eles em extinção?
São perguntas que se impõem quando de nossos encontros, palestras e reuniões.
No ano de 2002, quando do 1º Congresso Luso Brasileiro de Numismática, realizado em Brasília, chegamos a discutir tal tema, tanto que a chamada do referido Encontro era o título acima.
Então cabe bem a pergunta: trata a numismática de MITOS? Ou melhor: será a numismática considerada MITO? Primeiro é preciso esclarecer o significado da palavra MITO: mito é o produto de nossa imaginação, então criamos nossos próprios mitos; imaginamos uma moeda não como um produto histórico, mas sim como algo fabuloso que foi feito não para ser tocado, admirado, estudado, mas sim, para ser guardado a sete chaves sendo este produto proibido de ser mostrado aos outros, sendo então por nós escondidos, impedindo de ser visto. Tenho mas não mostro, mais ou menos assim.
Voltando às imitações, são estas criticadas, principalmente, pelos negociantes, pois entendem estes serem as imitações uma farsa, não sendo permitido, muito menos aceito, sua utilização, quer dizer: não sendo verdadeiro, não é válido. Aí está constatada a ideia do MITO. Mas se eu não tenho condições de adquirir uma peça legítima muito rara que, por conseguinte, é muito cara, por que não posso ter uma imitação ou dizendo melhor, uma réplica da original, para que eu possa ver como é aquela peça tão rara? Não é a obra de Da Vinci, Monalisa, tão imitada? Ou seria preciso ir ao Louvre para admira-la e conhece-la? Acabo de registrar um exemplo do que é um MITO. Pois sendo assim: comprei uma coleção de moedas americanas, meras imitações que são as fotografias metálicas daquelas peças impossíveis de serem por mim adquiridas. São as mesmas de uma perfeição tal que me permitem ver todos os detalhes, são cópias fieis das originais, compradas por preços ínfimos e que nos dão também prazer em olha-las mesmo sabendo que são “FALSAS”. Importante: não fomos ludibriados, não estamos comprando gato por lebre. Assim: acabei com aquele MITO.
Como gravador que sou e bastante familiarizado com diversos tipos de cunhagens, resolvi há uns tempos gravar e cunhar algumas réplicas das moedas mais raras da coleção brasileira, começando a mostrar aos mais entendidos minhas cunhagens e me atrevo a dizer: fui aprovado. Me entusiasmei e me firmei naquilo que me propus: só replicar peças realmente raras. Quando vi pela primeira vez as peças vindas do exterior achei-as lindas e não vi mal algum em compra-las, mas não as recomendo, só recomendo as minhas...rsrs
Mas voltamos ao MITO: foi recentemente editada por um grande colecionador paulista, uma linda, mas limitada obra, só 30 volumes distribuídos para alguns amigos e entidades relacionadas a nossa numismática, tive a satisfação de ter em minhas mãos um desses volumes que me foi emprestado por um desses privilegiados companheiros: meus amigos, que maravilha! Que extraordinária coleção. Ali estão fotografadas e catalogadas em colorido as mais importantes e raras moedas da coleção brasileira, incluindo várias medalhas também raras. Aí está um exemplo do que pode ser considerado um verdadeiro mito de nossa numismática, pois geralmente quem possui algo parecido, não mostra para ninguém. Está, portanto, esse Senhor dando uma demonstração de desassombro, vindo a DESMITIFICAR a nossa numismática. A este eu parabenizo por seu desprendimento e coragem.
Volto mais uma vez dar exemplo de mitos: fui convidado há uns anos atrás, por uma entidade bancária de outro estado, para fazer uma série de cópias de moedas diversas, ou seja, tanto do Brasil como do mundo todo. Agora eu pergunto: qual o mal de uma entidade fazer cópias para exibi-las ao público que então poderia, ou melhor, dizendo poderá ver réplicas e não as verdadeiras, que estão entesouradas nas caixas fortes de suas casas bancárias pelo alto valor que elas representam tornando-se então mitos e mitos não se enxergam, pois são frutos de nossa imaginação.
Mais um exemplo de um mito: quando em nossas VO., são nos oferecidas peças de alto valor,vejam que eu digo alto valor, são estas consideradas ou não um mito? Pois acabam de sair de uma fortuna para entrar noutra. É ou não é uma fábula?
Vamos citar aqui, alguns exemplos de fatos fabulosos e bem recentes: foi vendida nos Estados Unidos uma moeda brasileira de 500 réis de prata do ano de l887 pela bagatela de US$ 52.000,00. Foi vendida também nos USA, uma moeda de um dólar 1795 por US$ 1.200.000,00. Agora em um leilão na cidade de SP, está sendo apregoada um 640 réis por R$ 110.000,00. Assim temos que admitir estarmos diante de alguns MITOS, ou não?
Deixemos então de sermos imaginários, vamos encarar a história de nossas moedas sem fábulas, sabemos que elas existem, algumas não podem ser por nós tocadas, e muitas vezes nem vistas, então precisamos de uma fotografia para conhecê-las e, é claro, se tivermos uma perfeita réplica, aí sim fica tudo muito melhor.

P. P. Balsemão

AS IMITAÇÕES E SUAS CONSEQUÊNCIAS

Há poucos dias atrás, li em algum lugar sobre um expert que foi enganado ao identificar uma peça rara em uma loja de antiguidades na Europa. O cara “pagou o mico” junto à dona da loja.

Há quinze anos, quando comecei a fazer as minhas primeiras réplicas, tratei desde logo de identifica-las para não ter problemas no futuro. O tempo foi passando e com muito afinco e coragem segui fazendo novas e mais perfeitas réplicas que eu enviava aos meus colegas e amigos para obter opiniões sobre meu trabalho. Recebi inúmeras manifestações de todo o território brasileiro e em todas tive o apoio e incentivo para continuar.

Mas, afinal – ao que exatamente eu estava me propondo? Qual o meu objetivo? Estaria eu pensando em ganhar dinheiro com isso? Não. Nada disto. Minha intenção era divulgar, estimular o colecionismo de moedas, chamar a atenção das pessoas para a beleza e a importância de nossas moedas, que contam um pouco da história de nosso país. Minha primeira réplica que julgo importante foi a “Peça da Coroação” – D. Pedro I, 1822R. Em seguida fiz o 960 réis 1809R, peça única conhecida. Logo adiante dentre muitas outras, fiz também réplica das “Três Cabeças” da República (1891/1896/1897). Com estas, fui projetado nacionalmente no meio numismático a ponto de receber correspondência dos mais ilustres expoentes da numismática brasileira, (alguns, infelizmente já falecidos) cumprimentando-me pela perfeição do trabalho. Embora a aprovação para o meu trabalho não tenha sido unânime, pois algumas pessoas manifestaram-se, ainda que timidamente, contra, não desisti do meu projeto.

Hoje, felizmente, sou reconhecido e respeitado no meio numismático, entretanto, algumas observações “espirituosas ou não”, muitas vezes são colocadas numa roda de conversa entre companheiros. Por exemplo: “Se o Balsemão tivesse más intenções com suas réplicas, causaria sérias controvérsias no meio numismático” ou “Como todo o bom artista, este gravador ficará famoso, mas, naturalmente, após a sua partida, deixando suas peças serem disputadas pelos ávidos comerciantes, que aí sim tratarão de valoriza-las ao máximo”.

Vale ainda esclarecer: Porquê réplica de tal ou qual peça? Qual o critério adotado para fazer este trabalho? As peças que me proponho a replicar são, muitas vezes, únicas ou raras, que se não estão em mãos de alguns colecionadores, poderão ser vistas apenas em museus ou em fotografias. A réplica tem o propósito de aproximarem-se o mais possível da peça original, porém sem qualquer comprometimento, pois elas são, invariavelmente, identificadas em seu propósito.

Agora vamos tratar de outras imitações; aquelas que são feitas com o sentido iminente de enganar, tirar proveito – vejam que não menciono falsificações e sim imitações. São peças de todos os tipos, de marcas e grifes famosas – desde porcelanas, cristais, marfins, biscuit, até roupas, calçados, etc. Agora, chegou a vez das moedas. Vindas do exterior, estão causando verdadeiro estardalhaço nos meios numismáticos. Há um ano atrás, comprei de um comerciante, duas peças de “prata” – 2.000 réis 1867/1886, oferecidas esclarecidamente como “falsas”. Comprei sabendo. Queria comparar e ver a que ponto poderia chegar a semelhança com uma original. É de assombrar a perfeição da imitação.

Recentemente um amigo esteve nos Estados Unidos e de lá me trouxe um 4.000 réis de 1900, famosa peça comemorativa de nossa numismática. Linda e perfeita imitação.

Alguns dias mais tarde, em nosso Encontro Numismático em Porto Alegre, eis que vejo algo estarrecedor em matéria de imitação: mais um 4.000 réis e os dólares norte americanos dos séculos XVIII e XIX, com a coleção inteirinha num belo álbum cuja capa também era de uma imitação perfeita de couro, que faria “Luster babar”, pois o estojo referido talvez valesse mais ainda do que as próprias peças. As especificações escritas, evidentemente em inglês e garantindo serem as peças em prata 900. Não tive dúvida: de posse de uma peça de 4.000 réis 1900 fui à procura, ali mesmo próximo ao encontro, de um chaveiro que pudesse corta-la ao meio. O chaveiro não queria fazer o serviço, com pena de estragar uma peça “tão bonita e cara”. Tive que argumentar muito e então ele concordou em cortar a peça e assim pudemos confirmar o que eu já suspeitava: Não se tratava de prata coisa nenhuma e sim de um latão (cobre + zinco) ali debaixo daquele “prateado”. Então todos os presentes ao evento puderam constatar o “blefe”. Se estas peças vêm da China, eu não sei, só sei que são tão perfeitas que podem enganar aos menos avisados, portanto... E o preço é ainda mais estarrecedor. Segundo os participantes do “Mercado Livre”, estas peças podem ser adquiridas por bagatelas.

E agora, o que fazer? Processar os imitadores? Apelar para a “Corte Internacional”ou irritarmo-nos? Não, nada disto. Vamos encarar estes fatos com naturalidade, sabendo que jamais poderemos impedir esta prática no mercado. Vamos sim, ficarmos atentos e chamar a atenção de todos os interessados para terem cuidado, pois o trabalho é tão perfeito que pode enganar a qualquer um. Entretanto, alguns detalhes podem ser o “divisor de águas”: O peso da peça será exatamente igual ao peso da peça original? O preço oferecido é o praticado no meio numismático? Há um consenso na média de preços? Às vezes nem pelo peso é possível decifrar uma verdadeira de uma falsa. A peça que adquiri, ciente de que era falsa, tem o peso muito aproximado da verdadeira. A imitação é tão “perfeita” que a criatividade dos “inventores” vai desde uma moeda BG, UG, BC e aí por diante. Não foi esquecida nem mesmo a pátina...
Então, nós, que nos consideramos verdadeiros numismatas temos o dever de reconhecer uma peça falsificada, imitada ou replicada.

Em breve, voltarei ao assunto.

P. P. Balsemão

Um pouco sobre mim...


Ao iniciar meu Blog, estou me dando a conhecer aos que me honrarem com sua leitura. Nasci em 1931, na cidade de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul – Brasil. Me criei manuseando as moedas de Mil Réis. Assisti em 1942, então com 11 anos e cursando 0 3° ano primário a Reforma Monetária que mudou o Mil Réis para o Cruzeiro. 1967, veio o Cruzeiro Novo, já era adulto mas ainda não me interessava pelas moedas. Daí vieram diversas reformas em nosso dinheiro e em 1989, como que num estalo, lá estava eu com uma porção de moedas a observá-las quando então, fui em busca de suas histórias. Foi aí que tudo começou. Desde então, não teve mais um dia em que não me envolvesse de uma maneira ou de outra com nossas moedas. Me filiei então a algumas entidades ligadas ao colecionismo. Já em 1995, organizei uma exposição na sede do Banco do Brasil, na cidade de São Leopoldo – RS, onde estive radicado por muitos anos. Viajei por algumas cidades do nosso interior, com esta exposição, mostrando aos interessados o nosso dinheiro, o dinheiro do Brasil. Está hoje esta vitrine fixada no Museu Histórico Visconde de São Leopoldo, na mesma cidade, pois assim decidi, lá seria o seu lugar doravante. Hoje me intitulo colecionador das moedas brasileiras e estudioso de toda sua história.

Sou gravador profissional (autodidata), estabelecido desde 1952 na cidade de São Leopoldo. Hoje estou aposentado e então me sobra mais tempo para me dedicar ao que eu mais gosto de fazer, entre outros, pois tenho mais um hobby que é o de cunhar moedas e medalhas raras. Assim me distraio com um tema muito emocionante. Em 2005 editei um catálogo do meu trabalho que intitulei: “Catálogo de Réplicas e Medalhas do Gravador Balsemão”. Ali publiquei todos os meus trabalhos até Novembro de 2004. Foi justamente aí que passei a ser mais conhecido tanto como colecionador como gravador de réplicas.

Pretendo me comunicar com o mundo da internet para passar minhas experiências como curioso e pesquisador do tema Numismático. Pretendo editar seguidamente textos de informações para provocar meus companheiros e colegas, esperando naturalmente ser entendido, aguardando sempre manifestações e opiniões a respeito.

P. P. Balsemão
Ivoti, 10 de outubro de 2010.